O Tejo

Ouço o bebé ao longe, no choro abafado de um uivo de outra dimensão. Os ferros de um carro sacodem-se à janela e também ouço vozes distantes e sozinhas. A parede estremece quando alguém se liga à tomada e a luz de cabeceira ilumina-me, timidamente, quarto. Daqui a pouco aparece o camião do lixo e ouvi-los-ei, estridentes, despojar os vidros na rua perpendicular. A chuva trouxe o calor e as noites já não se vestem de tanta roupa. O principio do mês só se aguentava com gorro e os meus dedos incharam com o frio. Tenho percorrido a barco o Tejo e vejo o sebastião que cobre todo o Cristo Rei. Ao longe as sempre gruas de um pais em obras e as ruínas de uma bandeira que ficou por hastear. A vinda faço pela ponte e na companhia daqueles que agora trato por “nós”. O propósito move a nau. O entusiasmo comanda a vida.

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