Entrada de hoje

This is something my father wrote today:

Há dias que é melhor não saír da cama.

Levanto-me, faço a barba e tomo o duche matinal. Já quase no fim, escorrego na espuma do gel. Faço aquele ritual da luta de quem luta constantemente para se manter de pé, sendo o final inevitável e terminando na horizontal. Com dores e ainda sem saber de onde vinham, apercebo-me que a água começou a correr fria. Ainda estou vivo. Levanto-me. Sem óculos consegui ver que a cabeça da torneira estava caída na banheira, à mistura com a pedra polmes e mais uma embalagem de champô. Afinal o gás não tinha acabado. A torneira rodou para o frio com o impacto de qualquer zona do meu corpo que eu não consegui identificar. Recomponho-me. Dôr no pé, torcido, mas sobrevivi a esta. Volto ao lavatório para retocar a barba. Sim, depois do arrepio, os pelos ficam mais salientes, com direito ao 2º escanhoar.

Passo à fase seguinte, com a noção que definitivamente já não ia chegar a horas.

Na estrada apanho uma fila, de quase 1km. No topo uma máquina amarela com o pirilampo ligado, marcava o compasso da viagem. Foram 8km assim até à 2ª rotunda, onde a máquina tomou uma rota diferente. 1km depois, uma camioneta de obras aguardava a entrada na via rápida. Eu outra vez atrás. Compasso regulado para os 60km/h e parecia que o motorista sabia exactamente para onde eu ia e tinha acordado com alguém, a missão de me manter atrás. Numa rotunda voltamos a ter diferentes destinos, mas eis que deu lugar a um autocarro. Deve fazer parte da mesma equipa. Depois umas obras com o trânsito controlado por 2 elementos da GNR, até que finalmente cheguei ao destino. O dia ainda mal começou. Bem, o melhor a fazer hoje para evitar riscos, é fazer o menos possível. Tenho que arranjar maneira de fingir que estou a fazer alguma coisa. Quando regressar a casa vou deitar-me a dormir e espero não ter um daqueles sonhos em que morri afogado ou que tropessei na escada. Amanhã é 6ª-feira..

Xavier Amorim. Ou Francisco. Nunca sei muito bem como o apresentar.