Salma

Disturba o sossego da minha vastidão
Acordo angustiado desta escravidão
Medito, intemporal, a longa indecisão
Se ocupas o fim ou princípio do meu coração

Não me fazes falta, mas noto a tua ausência
Porvir fortuito de platónica existência
Acontece para sempre e sem diligência
Nossa história de título: intermitência

Egoísmo aparente que é algo bonito
Porque sei que tu sentes isto que sinto
Acordo tácito em vida, destino distinto
Este, só nosso, que num quadro pinto

Revejo-nos em livros e leio a semelhança
Uma memória distante que a alma alcança
Esferas de sucesso alentam a esperança
De que em último caso acabemos em dança

Concedo que seja um potencial para sempre
Refiro-me a ti, Salma, especificamente
Criação contínua de algo subitamente
Que nasceu e morreu tão drasticamente

Deixo de fantasiar como teria sido
Pois nada que foi está corrompido
Por ventura tu estás ainda comigo
Ainda que nada reste e tenha tudo sumido

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