Afetos

    Tenho vindo a desenvolver uma patologia que não me permite criar ligações indesejadas. Suspeito, até, que esta afeção se esteja a tornar crónica. Se não é cósmico, desinteressa-me. Cuido-me das relações que me assaltam e das pessoas que me conquistam. Breves palavras e olhares desobrigados que criam faísca e não exigem cortesia. Não creio que tenha algo que ver com primeiras impressões ou inconsciente coletivo. É de uma categoria transcendente. Vai além do sexo e do tato. Existe num tanque de olhos fechados. O sentido de comunidade é instintivo: o diálogo flui sem esperas e não se perde no silêncio entre as ondas. Sente-se o imaterial palpável que alicia. E não é preciso muito. Afetos não se conquistam. Existiram para sempre.

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