A história do dilema do destino
Neste momento dou por mim deitado numa sala escura e já não sei o que fazer... Reflito os meus últimos dias e tento recordar como tudo isto começou; medito sobre o desenrolar dos eventos passados e memórias antigas ressuscitam.
Lembro-me que costumava pensar no porquê de certos passos quotidianos acontecerem: se perco uma reunião é porque assim teria que o ser ou algo de mal aconteceria. Constantemente achava que o destino ocorria a meu favor e que os atos que não controlo aconteciam de maneira a proteger-me ou beneficiar-me.
Recordo-me de sair à rua num dia chuvoso e do guarda-chuva se partir com a força do vento. Lancei insultos na minha mente e continuei a refilar até que, quando a minha cabeça esfriou, pensei que talvez aquilo não tivesse acontecido por um acaso. Chamem-me paranoico, mas achei que algo com aquele guarda-chuva me levaria, diretamente ou indiretamente, ao meu fim.
Foi quando este tipo de pensamentos se tornou frequente que eu comecei a estranhar de mim mesmo... se tivesse que expressar a minha opinião em relação a mim com uma expressão facial utilizaria o "erguer do sobrolho". Admito que achei que estava realmente paranoico e que tinha que acabar com isto, mas uma outra parte de mim dizia-me que isto era apenas uma maneira positiva de ver as coisas. Se achasse que certos acontecimentos, por muito maus que fossem, acontecem por uma boa causa, levantaria o queixo e continuaria a viver de forma confiante.
Os dias tornaram-se meses e os meses transformaram-se em anos e o novo Eu, outrora humilde e pacifico, era agora obsessivo e impaciente. Senti que a minha filosofia me reescrevia e eu era agora uma pessoa distante e fria. Quase me imortalizei ao achar que tudo que me rodeava era feito para o meu bem e não me apercebi do quão ridículo estava a ser até descobrir que o destino me traíra.
Vivi aquela fase da minha vida em que nada corria como planeado. Tudo e todos estavam contra mim e por muito que inicialmente pensasse que era para o meu bem, apercebi-me rapidamente que não o era. O meu interior estava destruído e a minha aura era cinzenta. Senti que a morte estava à minha procura, espreitando em cada canto, à escuta, à espera de um deslize que me atirasse para um abismo escuro e interminável.
E chegou o dia em que a morte me apanhou desprevenido. Não me lembro de como foi, a minha memória falha e não me é permitido recordar, mas sei que me fui encontrar num corredor iluminado. Não havia quaisquer lâmpadas ou algo que explicasse aquela luz ofuscante, mas aquelas paredes pálidas rasgavam os meus olhos. Ao fundo, a uma distância incalculável, estavam duas portas negras e ouvi uma voz grave: era o destino, que me falou - "Se escolheres a porta certa ser-te-á permitido reviver".
Mas como havia eu de saber que porta escolher? Se o destino estivesse do meu lado sei que, independentemente da que escolhesse, sobreviveria, mas assim tudo era incógnito! Se o meu primeiro instinto me guiasse até à porta da direita, então a direita seria aquela que acabaria comigo, pelo que teria que optar pela da esquerda. Mas logo que tomasse a decisão de optar pela porta da esquerda, então seria essa a porta do meu fim.
Estava paralisado e não me conseguia decidir. Sabia que o tempo escasseava e tinha que agir. Conclui que quanto mais pensasse pior, pois o destino alteraria o seu traço para me dar um fim; pelo que esvaziei a minha mente e avancei.
A minha passada era lenta e indecisa e eu suava. O meu ritmo cardíaco estava acelarado e eu não sabia o que aconteceria após abrir aquela porta. Acabaria tudo? Ou iria acordar miraculosamente na cama de um hospital após os médicos me terem dado como morto? Não sei... Sei que quando a porta se abriu fui empurrado para um abismo fundo. Senti um vento quente levitar-me ligeiramente e quando este cessou acabei por cair de costas.
Procurei inspirar profundamente para me acalmar, mas não havia ar. Esperei sentir-me asfixiar mas apercebi-me de que já não respirava. Senti-me imóvel, aprisionado a um corpo sem batimento e as sombras que me envolviam suspiravam ferozmente.
Parece que nada pode ser feito quando o destino e a morte se unem para tirar mais uma alma. Neste momento dou por mim deitado numa sala escura e já não sei o que fazer... Ajudem-me!
Lembro-me que costumava pensar no porquê de certos passos quotidianos acontecerem: se perco uma reunião é porque assim teria que o ser ou algo de mal aconteceria. Constantemente achava que o destino ocorria a meu favor e que os atos que não controlo aconteciam de maneira a proteger-me ou beneficiar-me.
Recordo-me de sair à rua num dia chuvoso e do guarda-chuva se partir com a força do vento. Lancei insultos na minha mente e continuei a refilar até que, quando a minha cabeça esfriou, pensei que talvez aquilo não tivesse acontecido por um acaso. Chamem-me paranoico, mas achei que algo com aquele guarda-chuva me levaria, diretamente ou indiretamente, ao meu fim.
Foi quando este tipo de pensamentos se tornou frequente que eu comecei a estranhar de mim mesmo... se tivesse que expressar a minha opinião em relação a mim com uma expressão facial utilizaria o "erguer do sobrolho". Admito que achei que estava realmente paranoico e que tinha que acabar com isto, mas uma outra parte de mim dizia-me que isto era apenas uma maneira positiva de ver as coisas. Se achasse que certos acontecimentos, por muito maus que fossem, acontecem por uma boa causa, levantaria o queixo e continuaria a viver de forma confiante.
Os dias tornaram-se meses e os meses transformaram-se em anos e o novo Eu, outrora humilde e pacifico, era agora obsessivo e impaciente. Senti que a minha filosofia me reescrevia e eu era agora uma pessoa distante e fria. Quase me imortalizei ao achar que tudo que me rodeava era feito para o meu bem e não me apercebi do quão ridículo estava a ser até descobrir que o destino me traíra.
Vivi aquela fase da minha vida em que nada corria como planeado. Tudo e todos estavam contra mim e por muito que inicialmente pensasse que era para o meu bem, apercebi-me rapidamente que não o era. O meu interior estava destruído e a minha aura era cinzenta. Senti que a morte estava à minha procura, espreitando em cada canto, à escuta, à espera de um deslize que me atirasse para um abismo escuro e interminável.
E chegou o dia em que a morte me apanhou desprevenido. Não me lembro de como foi, a minha memória falha e não me é permitido recordar, mas sei que me fui encontrar num corredor iluminado. Não havia quaisquer lâmpadas ou algo que explicasse aquela luz ofuscante, mas aquelas paredes pálidas rasgavam os meus olhos. Ao fundo, a uma distância incalculável, estavam duas portas negras e ouvi uma voz grave: era o destino, que me falou - "Se escolheres a porta certa ser-te-á permitido reviver".
Mas como havia eu de saber que porta escolher? Se o destino estivesse do meu lado sei que, independentemente da que escolhesse, sobreviveria, mas assim tudo era incógnito! Se o meu primeiro instinto me guiasse até à porta da direita, então a direita seria aquela que acabaria comigo, pelo que teria que optar pela da esquerda. Mas logo que tomasse a decisão de optar pela porta da esquerda, então seria essa a porta do meu fim.
Estava paralisado e não me conseguia decidir. Sabia que o tempo escasseava e tinha que agir. Conclui que quanto mais pensasse pior, pois o destino alteraria o seu traço para me dar um fim; pelo que esvaziei a minha mente e avancei.
A minha passada era lenta e indecisa e eu suava. O meu ritmo cardíaco estava acelarado e eu não sabia o que aconteceria após abrir aquela porta. Acabaria tudo? Ou iria acordar miraculosamente na cama de um hospital após os médicos me terem dado como morto? Não sei... Sei que quando a porta se abriu fui empurrado para um abismo fundo. Senti um vento quente levitar-me ligeiramente e quando este cessou acabei por cair de costas.
Procurei inspirar profundamente para me acalmar, mas não havia ar. Esperei sentir-me asfixiar mas apercebi-me de que já não respirava. Senti-me imóvel, aprisionado a um corpo sem batimento e as sombras que me envolviam suspiravam ferozmente.
Parece que nada pode ser feito quando o destino e a morte se unem para tirar mais uma alma. Neste momento dou por mim deitado numa sala escura e já não sei o que fazer... Ajudem-me!
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