Portugal no futebol

    Tal como os americanos se prendem muito ao basebol ou basquetebol, os portugueses estão completamente acorrentados na solitária da prisão do futebol.
    O nosso povo chegou ao ponto de rezar a Deus-do-futebol-todo-poderoso e até mesmo a realizar atos capazes de o levar ao inferno, apenas em nome deste desporto.
    O cérebro dos portugueses é comandado pelo futebol e quem não adere a este santuário desportivo é tido como um renegado da sociedade. E foi mais ou menos isso que me aconteceu.
    Foi há uns tempos atrás que decidi desligar-me do futebol. Todos os grandes jogadores e até mesmo o grande mundial me passaram ao lado. Refugiei-me no meu covil anti-futebolístico e passei a ser um analfabeto na gíria do futebol.
    Recordo-me de ouvir pessoas a discutir sobre este ou aquele fulano, do golo de livre direto ou das fintas. E, quando isso acontecia, desligava o meu cérebro, ligava o modo ZEN e deixava de as ouvir até que o assunto terminasse.
    Deixei de parte um pouco da minha vida social por não participar em certas conversas, e agora ainda mais que apareceu um certo jogo de que todos falam mas eu não estou a par. Contudo, prefiro ouvir a gíria deste famoso jogo do que a brusquidão com que os adeptos do futebol falam.
    Parece-me a mim que estes adeptos eruditos do futebol se tornam superiores a todos os outros, se torna o mestre das artes, o dominador da sociedade, capaz de entrar num debate sobre certo jogo ou jogador e sair vitorioso, ainda mais Titã do que o simples adepto que é.
    Foram estes e um outro incontável número de factores que me distanciaram do futebol. E desagrada-me esta ideia de que o futebol é o único desporto que realmente importa, desvalorizando-se assim outros desportos igualmente importantes.

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