Duas altas Árvores

Eram altas.
Duas altas árvores entrelaçavam os seus ramos e galhos. O solo que as guardava era mole, escuro e arenoso. O peso do meu corpo levava os meus pés a querer afundar-se para o interior da Terra. Foi a árvore da esquerda que despertou a minha atenção. Aproximei-me e encostei a minha testa num dos seus troncos. Respirei o ar armazenado no pequeno espaço vazio entre os seus galhos e os meus olhos cansados fecharam. As minhas mãos namoraram a árvore, percorrendo levemente o seu corpo, tentando entende-la. Senti a outra árvore que atrás de mim me puxava e dirigi-me desta vez a ela, repetindo o similar processo. As árvores criavam uma sombra fresca e agradável que tornava mais sombria aquela zona do parque. De seguida, voltei-me para a outra árvore e rondei-a, com as pontas dos meus dedos a acariciar o inicio das suas folhas recém-nascidas. A imagem que naquele momento me interrompeu os vazios pensamentos foi a de dois seres. Dois amantes, que antes de serem amaldiçoados em forma de árvore a passar a eternidade juntos, passeavam sossegadamente por aquele parque, tal como eu, numa vida passada.  

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