Uma viagem ao Porto

Braga, 6 dezembro 2013

           Passou-se isto num dia de Outono, tinha eu cinco anos de idade. Íamos todos a caminho do Porto, apertados, e pouco reconfortados, no carro. A minha mãe estava meia sonolenta, o meu pai tinha cabado de pôr o rádio mais alto onde a voz grave de um jornalista anunciava um acentuado agravamento da crise. A minha avó queixava-se da pressão que o cinto exercia no seu peito, mas todo esse cenário estava distante. Mantinha a minha testa encostada contra aquele vidro gelado, permitindo-me sentir assim as vibrações do alcatrão enquanto os pneus rolavam naquele chão pouco agreste.
            Apreciava a paisagem em meu redor: uma paisagem citadina à mistura com uma pitada de árvores cor de laranja. E foi aí que eu o vi... precisamente no momento em que uma música, lembro-me bem, pouco conhecida, tocava na rádio e o ar quente que saía dos filtros do carro cessou, e eu vi... bem lá no alto, uma mancha amarela, azul e branca que desapareceu tão rápido como chegou. "Mãe, mãe" gritei "um OVNI". Como é obvio, nenhum adulto no seu perfeito estado acreditaria naquilo, mas eu vi!
             Como era de esperar, não dormi nessa noite. Nem nas semanas e meses que se seguiram. Mas o que vi eu? Quem sabe? Um OVNI? Talvez...

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