Deitado na loiça fria da banheira, com um caderno quadriculado pousado num banquinho ao lado, sinto-me ocupado mas sem nada para fazer. Hoje tenho a cabeça um pouco pesada e os olhos particularmente cansados, por nenhum motivo atípico. Entre dois momentos relevantes na vida, existe uma pausa, por vezes insípida, que parece infinita. Uma eternidade que demora a passar. Uma espécie de meditação parada, em que a mente trabalha incessantemente à volta de um conjunto de pensamentos de nada e o corpo implora por alguma vida. Suponho que podia preencher este vácuo com algum tipo de atividade, mas gosto desta fuga - e pergunto-me se as pessoas à minha volta dão por ela. Pergunto-me também se este recesso é relevante para mim ou se estou a desperdiçar vida com esta minha pseudo-relutância em confraternizar. E, em perguntas para o nada, deixo-me afundar nesta peça sem água enquanto olho para o teto, a ouvir, sem vontade de me mexer.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Uma ode em três partes

Isto não é uma pub

O apagão