A crise de um crente
Dou por mim a acordar a meio da noite em sobressalto. Não tenho a certeza se realmente acordei ou se não passou de um sonho, mas a verdade é que tenho consciência que, conscientemente ou não, os pensamentos provinham de mim.
E se nada existe depois da morte? Esta pergunta rapidamente criou uma outra - E se a entidade a que atribuo o papel de me guiar após a morte não existir?
Assumo-me como crente de que realmente algo existe - o Cosmos, energias, Natureza. Isto quer por momentos que me encontrei a meditar sobre o assunto, quer por diversas teorias filosófico-religiosas que considerei minimamente credíveis. Mas o importante agora não é aprofundar no que acredito ou não - porque para isso iríamos precisar de muito pano redundante para mangas -, mas que se calhar nada existe após o inevitável apocalipse individual.
E possivelmente o Homem não passa mesmo disto que obervamos e sentimos. E talvez a nossa consciência seja somente cerebral e o que chamamos de sobrenatural não passe de uma capacidade extresensorial da nossa mente e tudo isto cesse logo que o corpo morra. Talvez a entidade dentro de nós (a que nada se associa ao nosso nome de nascença) e que muitos denominam de "alma" ou "espírito" seja uma pura criação humana porque a fé é, na verdade, um absoluto conforto.
E de rompante um abismo negro engole-me e mingo e pondero se a fé não passa de uma resposta de defesa do nosso cérebro para que não caiamos numa solidão coletiva. Atualmente é tão romântico acreditar em Deus como é exibir a coragem de em nada crer, mas não reconheço a existência absoluta de fé ou do contrário - "Se um Homem fosse um verdadeiro crente de qualquer uma das religiões, o cumprimento estrito das normas morais dos Mestres Fundadores (...) eleva-lo-ia a cima da categoria humana (...). Se fosse ateu, as aparentes injustiças da vida fá-lo-iam perecer ao menor desses impactos", li algures.
Senti por segundos um perecer tremendo e sufocante que rapidamente foi substituído por uma frase que ecoou "Tu sabes que existe algo!" mas, e repito, se nada existe?
Por vários anos acreditei na reencarnação até que essa teoria, em termos literais ou metafóricos, me pareceu mais uma forma ilusórica (ou não) de me manter agarrado a um último momento de esperança de que pelo menos algo de mim, como Filipe, permaneça eterno num elo com vidas minhas passadas e futuras e que, quem sabe, com esforço e meditação, me permita ser recordado.
"Deus", as forças, o Universo, Eu... é Uno. Acredito que Deus contribui tanto de nós como nós contribuimos para a sua existência. Acredito que a força de acreditar numa entidade superior pode contribuir para a sua criação e que, talvez, sejamos todos Deus - visto que todos nós somos Cosmos. Mas isso não passa de uma teoria à qual me agarro e que, tal como todas, acabam por ser refutadas pelo tempo devido à inexistência de uma verdade absoluta correspondente à realidade (cujo sentido da palavra é dogmático e pode nem existir), o que acaba de tornar todas estas minhas afirmações contraditórias.
E se nada existe depois da morte? Esta pergunta rapidamente criou uma outra - E se a entidade a que atribuo o papel de me guiar após a morte não existir?
Assumo-me como crente de que realmente algo existe - o Cosmos, energias, Natureza. Isto quer por momentos que me encontrei a meditar sobre o assunto, quer por diversas teorias filosófico-religiosas que considerei minimamente credíveis. Mas o importante agora não é aprofundar no que acredito ou não - porque para isso iríamos precisar de muito pano redundante para mangas -, mas que se calhar nada existe após o inevitável apocalipse individual.
E possivelmente o Homem não passa mesmo disto que obervamos e sentimos. E talvez a nossa consciência seja somente cerebral e o que chamamos de sobrenatural não passe de uma capacidade extresensorial da nossa mente e tudo isto cesse logo que o corpo morra. Talvez a entidade dentro de nós (a que nada se associa ao nosso nome de nascença) e que muitos denominam de "alma" ou "espírito" seja uma pura criação humana porque a fé é, na verdade, um absoluto conforto.
E de rompante um abismo negro engole-me e mingo e pondero se a fé não passa de uma resposta de defesa do nosso cérebro para que não caiamos numa solidão coletiva. Atualmente é tão romântico acreditar em Deus como é exibir a coragem de em nada crer, mas não reconheço a existência absoluta de fé ou do contrário - "Se um Homem fosse um verdadeiro crente de qualquer uma das religiões, o cumprimento estrito das normas morais dos Mestres Fundadores (...) eleva-lo-ia a cima da categoria humana (...). Se fosse ateu, as aparentes injustiças da vida fá-lo-iam perecer ao menor desses impactos", li algures.
Senti por segundos um perecer tremendo e sufocante que rapidamente foi substituído por uma frase que ecoou "Tu sabes que existe algo!" mas, e repito, se nada existe?
Por vários anos acreditei na reencarnação até que essa teoria, em termos literais ou metafóricos, me pareceu mais uma forma ilusórica (ou não) de me manter agarrado a um último momento de esperança de que pelo menos algo de mim, como Filipe, permaneça eterno num elo com vidas minhas passadas e futuras e que, quem sabe, com esforço e meditação, me permita ser recordado.
"Deus", as forças, o Universo, Eu... é Uno. Acredito que Deus contribui tanto de nós como nós contribuimos para a sua existência. Acredito que a força de acreditar numa entidade superior pode contribuir para a sua criação e que, talvez, sejamos todos Deus - visto que todos nós somos Cosmos. Mas isso não passa de uma teoria à qual me agarro e que, tal como todas, acabam por ser refutadas pelo tempo devido à inexistência de uma verdade absoluta correspondente à realidade (cujo sentido da palavra é dogmático e pode nem existir), o que acaba de tornar todas estas minhas afirmações contraditórias.
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