Narciso e a Filosofia

    Na imagem de Caravaggio, Narciso debruça-se sobre um rio para observar o ser por quem se apaixonou: ele mesmo.
    Apesar do belo jovem que possa ser, é dificil perceber o que levou Narciso a prender-se à sua imagem, revelando uma atitude egoísta, abstraindo-se do resto do mundo por se considerar superior a tudo e todos.
    Com isto, Narciso mostrou ser uma pessoa pouco aberta pois para ele, a pergunta a todos os problemas tinha-o como resposta.
    Narciso é o ser supremo.
    Contudo, esta atitude da sua parte está errada.
    Sendo Narciso o seu próprio Deus, este não importa com tudo que está ao seu redor. Não implanta questões e não busca por resposta quando tudo que reside no seu mundo é a sua perfeição.
    Ora, no mundo da filosofia, devemos demonstrar uma atitude bastante diferente da de Narciso. Nunca o filósofo se encontra no seu auge pois quem se encontrar nessa situação (impossível) já atingiu todos os seus objetivos, já esclareceu todas as suas duvidas.
    Mas o filosofo é um ser teimoso e persistente, nunca se satisfaz com o alcançado, pretendendo sempre mais respostas para as suas variadas questões.
    O filosofo é e sempre será um ser incompleto. As duvidas e respostas são múltiplas. Uma infinidade infinita de problemas inquestionáveis e não resolvidos.
    Umas perguntas originam as outras e umas respostas levam a outras, fazendo questionar a resposta anterior.
    O filosofo é um ser incompleto. O filosofo é um ser imperfeito.

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